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Análise da cadeia de abastecimento

Como tirar partido da análise da cadeia de abastecimento para planear e implementar processos mais fiáveis.

Análise da cadeia de abastecimento

Tempo de leitura19 minutos de leitura

2024-07-03 15:09:42

A análise da cadeia de abastecimento requer precisão, dados e timing. Ajuda a otimizar os níveis de stock, evitar a perda de vendas e antecipar imprevistos – mas mesmo as empresas mais inovadoras têm dificuldade em lidar com estes desafios. A Apple, tão elogiada pela logística como pelas conquistas de marketing, é um bom exemplo.


No início dos anos 90, a Apple apresentou o seu muito aguardado portátil Power Mac, pronto a dominar o mercado dos PCs. As expectativas eram tão elevadas que se prepararam enormes stocks em antecipação. Quando os números de vendas não se concretizaram tão rapidamente como esperado, o excesso de stock encheu as prateleiras durante meses. Para o lançamento seguinte, dois anos depois, os planeadores de stock da marca devem ter pensado “lição aprendida” e seguiram um caminho diferente, reduzindo ao máximo os stocks iniciais. Para sua surpresa, rapidamente se viram incapazes de satisfazer as encomendas dos clientes. As listas de espera prolongaram-se durante meses, agravando a crise. O preço das ações da Apple caiu a pique e a empresa esteve à beira da falência. Foi necessário o regresso de Steve Jobs para que a Apple saísse do precipício.


Embora a cadeia de abastecimento da Apple não tivesse um problema estrutural, a sua incapacidade de avaliar com exatidão a procura levou à perda de oportunidades. Foi uma lição dispendiosa sobre a importância da adaptabilidade e da visão de futuro na gestão e análise da cadeia de abastecimento. É certo que nem todas as empresas lidam com uma cadeia de abastecimento global num mercado em rápido crescimento. No entanto, a análise da cadeia de abastecimento é talvez ainda mais importante para as empresas mais pequenas, onde a margem de erro é provavelmente menor. Afinal, o que é exatamente a análise da cadeia de abastecimento e como pode beneficiar a sua empresa?


O que é a análise da cadeia de abastecimento?

A análise da cadeia de abastecimento envolve a utilização de dados para tornar mais fluido todo o processo de obtenção de produtos, desde as matérias-primas até à entrega aos clientes. Ao analisar os dados de cada etapa – como a quantidade de matéria-prima que está a utilizar, o tempo de produção e a velocidade das entregas – pode detetar constrangimentos, prever problemas antes que estes ocorram e encontrar formas de reduzir custos ou acelerar o processo.


Porque é que a análise da cadeia de abastecimento é importante?

A análise da cadeia de abastecimento é vital para todas as empresas, mesmo para aquelas em que a logística não é um processo fundamental.


1. Identificar constrangimentos

Com a análise da cadeia de abastecimento, é possível identificar onde os bens ou a informação podem estar a ficar retidos. Talvez se trate de um fornecedor que se atrasa, de um congestionamento na produção ou de um atraso na expedição. Ao identificar estes problemas, pode resolvê-los e manter tudo a fluir sem problemas.


2. Otimizar o stock

A análise da cadeia de abastecimento pode ajudá-lo a saber exatamente qual a quantidade de stock necessária e quando. Além disso, ao otimizar as rotas de expedição e a disposição dos armazéns, pode reduzir as despesas desnecessárias e diminuir os prazos de entrega. Uma melhor previsão pode ajudá-lo a antecipar a procura com maior precisão, o que significa que não será apanhado desprevenido com demasiado ou pouco stock.


3. Entregar mais rapidamente e com menos erros

Com a análise da cadeia de abastecimento, pode otimizar os seus processos para entregar produtos mais rapidamente e com menos erros. Isto significa clientes mais satisfeitos que continuam a voltar para comprar mais, aumentando os resultados.


4. Escolher melhor os fornecedores

Com a análise da cadeia de abastecimento, pode acompanhar os indicadores de desempenho dos fornecedores, como os prazos de entrega, a qualidade e a fiabilidade. Com estes dados, pode escolher os melhores fornecedores para as suas necessidades e estabelecer relações fortes e mutuamente benéficas que mantenham a sua cadeia de abastecimento a funcionar sem problemas.


5. Decidir com dados

Com a análise da cadeia de abastecimento, tem acesso a uma grande quantidade de dados que podem fundamentar o seu processo de tomada de decisões. Quer se trate de escolher a opção de envio mais rentável, de otimizar os níveis de inventário ou de identificar novas oportunidades de mercado, a análise da cadeia de abastecimento permite-lhe tomar decisões estratégicas informadas que impulsionam a sua empresa.


Existem limitações?

Como qualquer outra ferramenta, a análise da cadeia de abastecimento tem as suas próprias limitações.


1. Qualidade dos dados

A eficácia da análise da cadeia de abastecimento depende em grande medida da qualidade dos dados utilizados. Se os dados estiverem incompletos, imprecisos ou desatualizados, podem dar origem a informações erradas e a uma má tomada de decisões.


2. Complexidade

As cadeias de abastecimento podem ser bastante complexas, com múltiplos processos interligados e partes interessadas. Exigem ferramentas e conhecimentos sofisticados, que podem não estar disponíveis para todas as empresas.


3. Desafios de integração

A integração de dados de fontes díspares – como sistemas ERP, plataformas CRM e dispositivos IoT – pode ser bastante desafiadora e demorada. Sem uma integração adequada, as empresas podem ter dificuldade em obter uma visão abrangente das suas operações da cadeia de abastecimento.


4. Precisão das previsões

Embora a análise da cadeia de abastecimento possa ajudar a prever a procura e a identificar tendências, não é uma bola de cristal. Fatores externos como a volatilidade do mercado, acontecimentos geopolíticos e catástrofes naturais podem ter um impacto imprevisível na dinâmica da cadeia de abastecimento, o que torna difícil fazer previsões precisas.


Métricas da cadeia de abastecimento

A análise da cadeia de abastecimento tem tudo a ver com a obtenção dos dados corretos para os principais processos da sua organização. Aqui estão algumas métricas a considerar e o seu significado.


Métricas de gestão de stocks

As métricas de gestão de inventário monitorizam a eficiência do manuseamento do stock, assegurando que a quantidade certa de inventário está disponível para satisfazer a procura dos clientes sem incorrer em excesso.


  • Rotação do inventário: Mede a frequência com que o inventário é vendido e substituído durante um período.
  • Dias de venda do inventário (DSI): Indica o número médio de dias que leva para vender o inventário.
  • Ruturas de stock: Monitoriza a frequência de rutura de stock.
  • Nível de stock de segurança: Mede o inventário extra mantido para mitigar o risco de ruturas de stock.


Métricas de desempenho do fornecedor

Estas métricas avaliam a fiabilidade e a qualidade dos fornecedores, ajudando as empresas a manterem operações da cadeia de fornecimento fluidas e eficientes.


  • Taxa de entrega pontual: Mede a percentagem de encomendas entregues até à data acordada.
  • Prazo de entrega do fornecedor: O tempo médio que os fornecedores demoram a entregar as mercadorias após a realização de uma encomenda.
  • Taxa de falhas do fornecedor: A percentagem de mercadorias recebidas que apresentam anomalias.


Métricas de eficiência da produção

Os indicadores de eficiência da produção avaliam a transformação das matérias-primas em produtos finais.


  • Eficiência global do equipamento (OEE): Combina disponibilidade, desempenho e métricas de qualidade para medir a produtividade do fabrico.
  • Tempo de ciclo: O tempo total desde o início até ao fim de um processo, incluindo os tempos de processamento e de espera.
  • Rendimento: Mede a percentagem de produtos que cumprem os padrões de qualidade.


Métricas de transporte

Estas métricas acompanham o desempenho do transporte associado à cadeia de abastecimento, assegurando a entrega atempada e económica das mercadorias.


  • Custo do envio por unidade: O custo de transporte de uma unidade de produto.
  • Taxa de expedição atempada: A percentagem de envios entregues até à data prevista.
  • Tempo de transporte: O tempo médio necessário para transportar mercadorias de um local para outro.


Métricas de cumprimento de encomendas

As métricas de cumprimento de encomendas medem a eficiência e a precisão do processamento e da entrega das encomendas dos clientes, com um impacto direto na satisfação dos clientes.


  • Tempo de ciclo da encomenda: O tempo decorrido entre o momento em que um cliente efetuar uma encomenda e a sua receção.
  • Taxa de encomendas perfeitas: A percentagem de encomendas entregues sem quaisquer problemas, como danos, atrasos ou incorreções.
  • Taxa de preenchimento: A percentagem da procura do cliente que é satisfeita sem ruturas de stock.


Métricas financeiras

As métricas financeiras fornecem informações sobre o custo, a rentabilidade e a eficiência financeira das operações da cadeia de abastecimento.


  • Custo das mercadorias vendidas (CPV): O custo total de fabrico e entrega de bens.
  • Margem bruta de retorno do investimento (GMROI): Mede a rentabilidade do inventário.
  • Tempo de ciclo cash-to-cash: O tempo necessário para converter os investimentos em inventário em dinheiro proveniente das vendas.


Métricas do serviço ao cliente

As métricas do serviço ao cliente avaliam a qualidade do serviço prestado aos clientes, centrando-se na capacidade de resposta, satisfação e lealdade.


  • Tempo de espera da encomenda do cliente: O tempo entre a colocação da encomenda e a entrega ao cliente.
  • Pontuação de Satisfação do Cliente (CSAT): Mede a satisfação do cliente com o serviço da cadeia de abastecimento.
  • Net Promoter Score (NPS): Mede a lealdade do cliente e a sua probabilidade de recomendar a empresa.


Métricas de sustentabilidade

As métricas de sustentabilidade avaliam o impacto ambiental das atividades da cadeia de fornecimento, promovendo práticas ecológicas e reduzindo a pegada de carbono.


  • Pegada de carbono: Mede o total de emissões de gases com efeito de estufa causadas direta ou indiretamente pelas atividades da cadeia de abastecimento.
  • Consumo de energia e água: A quantidade de energia e a água utilizada nos processos da cadeia de abastecimento.
  • Taxa de redução de resíduos: A redução percentual dos resíduos gerados pelas atividades da cadeia de abastecimento.


Métricas de previsão da procura

Estas métricas ajudam a prever a procura futura de produtos, permitindo às empresas planear a produção, o inventário e a distribuição de forma mais eficaz.


  • Precisão da previsão: Mede a percentagem da procura corretamente prevista em relação à procura real.
  • Erro Percentual Absoluto Médio (MAPE): Quantifica a precisão das previsões de procura como uma percentagem.
  • Erro Quadrático Médio (MSE): Indica a média dos quadrados dos erros entre a procura prevista e real.


Métricas de qualidade

As métricas de qualidade avaliam o grau em que os produtos e processos cumprem as normas especificadas e as expectativas dos clientes, assegurando resultados de elevada qualidade.


  • Taxa de defeitos: Mede a percentagem de produtos que são considerados defeituosos, indicando a qualidade geral da produção.
  • Rendimento da primeira passagem (FPY): A percentagem de produtos que passam nas inspeções de qualidade à primeira vez, sem necessidade de repetição, refletindo a eficiência do processo.
  • Custo da Qualidade (COQ): O custo total incorrido para garantir que os produtos cumprem os padrões de qualidade, incluindo custos de prevenção, avaliação e falha.

Taxa de devolução: A percentagem de produtos devolvidos pelos clientes devido a defeitos ou insatisfação, destacando os problemas de qualidade do produto.

Reclamações de garantia: Mede a frequência e o custo das reclamações feitas ao abrigo da garantia, indicando a fiabilidade e a qualidade do produto a longo prazo.

Estas métricas podem ser adaptadas a setores específicos e a objetivos empresariais para fornecer uma visão abrangente do desempenho da cadeia de abastecimento e identificar áreas de melhoria.


Análise da cadeia de abastecimento: como fazê-lo corretamente?

Para efetuar uma análise correta da cadeia de abastecimento, siga estes passos.


1. Defina os seus objetivos

Comece por definir claramente as suas metas e objetivos. Que aspetos específicos da sua cadeia de abastecimento pretende melhorar? Reduzir o custo do stock? Reduzir o prazo de entrega? Aumentar a satisfação do cliente? Ter uma compreensão clara dos seus objetivos vai orientar a sua análise.


2. Selecionar e mapear os principais processos

A falta de foco é uma das principais razões para o fracasso da análise da cadeia de abastecimento. Comece por identificar os processos da sua organização que têm o maior impacto nos objetivos comerciais. Cada empresa terá os seus próprios, mas alguns exemplos podem incluir o picking no armazém, o planeamento da produção, a atribuição de rotas e os componentes de lavagem.


Depois destes processos estratégicos terem sido claramente identificados e alinhados com a sua equipa, faça o mapeamento dos mesmos do princípio ao fim. Enumere as principais etapas de cada um e quem faz o quê. Isto ajuda a localizar os problemas e a alinhar todos os membros da equipa.


3. Recolher dados relevantes

Para esses processos específicos, liste os dados de que necessita para ter uma melhor visão sobre a sua cadeia de abastecimento, como níveis de inventário, taxas de produção, custos de transporte, desempenho dos fornecedores, previsões de procura e feedback dos clientes. Certifique-se de que os dados são exatos, completos e atualizados.


Não se esqueça de que as representações visuais dos dados facilitam a compreensão de padrões complexos e a tomada de decisões informadas por parte dos intervenientes.


4. Escolher as ferramentas certas

Depois de ter recolhido estes dados pela primeira vez, vai provavelmente precisar de uma ferramenta ou sistema para os recolher a cada hora, dia, semana ou mês. Selecionar a ferramenta certa e integrá-la no seu sistema existente pode ser um desafio.


Poderá precisar de software de visualização de dados, algoritmos de análise preditiva, modelos de aprendizagem automática e sistemas de gestão da cadeia de abastecimento. Invista em ferramentas que sejam fáceis de utilizar, escaláveis e capazes de integrar dados de várias fontes.


5. Monitorizar e agir

Monitorize o desempenho da sua cadeia de abastecimento e ajuste as suas estratégias em conformidade. Acompanhe os indicadores-chave de desempenho (KPI), tais como taxas de entrega atempada, rotação de inventário e métricas de custo de serviço para medir a eficácia da sua análise. Isto é mais eficaz quando é feito em reuniões periódicas (diárias ou semanais) com representantes de equipas de vários departamentos.


Daqui podem resultar duas ações principais: mudanças estruturais, como redesenhar as redes de distribuição, renegociar contratos com fornecedores ou implementar novas tecnologias, e mudanças táticas, como ajustar o plano de produção, a logística ou os níveis de stock.


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